Luzofonia ao poder!!!

quinta-feira, julho 13, 2006

Agora a sério...

Voltando à terra...


Eis o que já percebi: todos os pequenos detalhes, todas as coisas que me tocam, que me despertam a atenção e tenho vindo a estudar ao longo destes anos todos, têm relevância, e a seu tempo se revelarão mais uma peça fundamental deste puzzle que estou a construir. Vou usar tudo aquilo que me apaixona, para fazer aquilo que me apaixona!

Aqui estão alguns pontos fundamentais:

1. O objectivo da música é transmitir emoções. Eu quero ir para além do aspecto recreativo, e quero com esse canal de emoções de alguma forma ajudar as pessoas. Quero redescobrir o sagrado.

2. A minha música tem que ter uma mensagem. Em miúdo ouvia as canções do Chico Buarque, e adorava o facto de serem como que pequenos filmes, estórias com um conteúdo. Se contares uma estória muito mais facilmente transmites uma emoção.

3. A estória permite à palavra brincar com a melodia. As minhas músicas têm que ter melodias (mesmo que seja um lead synth aos gritos), mas também exploram a musicalidade da palavra, obviamente em português.

4. O que amplifica a emoção é a batida. As minhas músicas vivem da batida, dos kicks e dos tambores potentes (o surdo, claro, como meu tambor de eleição), mas também da batida do coração. A batida é o meu deus!

5. O baixo é o complemento da batida, dá-me um baixo ou tira-me a vida.

6. O swing é a arma secreta, o tempero que torna este cozinhado irresistível, o ingrediente africano que te faz balançar incontrolavelmente. Não tentes resistir: é inútil.

7. A voz humana é o instrumento mais expressivo. As minhas músicas não estão completas enquanto não tiverem demasiadas vozes. Incluindo gritos, grunhidos, guinchos e tudo pelo meio (preciso de vocalistas, a propósito, se estiveres interessado avisa).


Que mais falta aqui? Ah, já sei, faltamos nós!



(Enso, o círculo zen... no final, tudo tem a ver com tudo)

sexta-feira, março 31, 2006

Passando à acção, eis a estratégia:

Queremos poder usar a nossa herança musical de forma criativa, como bem nos apetecer!

Queremos poder citar livremente material que nos interesse, se dessa forma não prejudicarmos ninguém, e estivermos a criar algo novo - não uma mera apropriação do trabalho de outras pessoas, mas uma intervenção criativa, recorrendo parcialmente à colagem, e que pela complexidade musical envolvida, passa, ela própria, a ser uma afirmação artística independente e de direito próprio.

A nossa motivação artística é antes de mais respeitar, e homenagear, os artistas originais. Este é o tributo que lhes prestamos, mostrando que esta música que nos viu crescer, e em que nós, os povos da lusofonia, expressamos as nossas emoções, continua viva nos nossos corações.

Mas não tememos desbravar novos caminhos através da experimentação pura. Esta é a nossa fonte de inspiração, mas não deixa de ser apenas a base, e nunca será desculpa para falta de criatividade própria. O cozinhado é nosso, mas este é aquele temperozinho com que apuramos o nosso próprio som.

Achamos que as actuais leis de copyright e licenciamento de samples só servem as majors, e restringem severamente a liberdade artística de quem quer no fundo apenas usar todo aquele que é o ambiente sonoro em que nasceu e vive, de forma artisticamente criativa.

Mas a verdade é que nós não temos meios de licenciar todos samples que usamos.

Não nos basta torna-los irreconhecíveis e usarmos apenas samples minúsculos e inconsequentes (se bem que também sigamos uma abordagem fragmentária): nós queremos usar também material reconhecível, se isso servir para transmitir alguma mensagem!!! Pois na citação criativa, podemos ter algo novo a dizer.

Mas os custos de licenciar todos os sampes são impraticáveis por uma projecto ainda embrionário como o nosso. Já nem se trata de ficarmos só com uma parte irrisória dos lucros: provavelmente ainda tinhamos era que pagar para vender a nossa música!

Por isso, depois de MUITO pensar, só nos restam duas opções: ou abdicar de usar samples, ou abdicar de ter fins comerciais. Optámos pela segunda em troca de podermos mostrar o nosso valor, e nos tornarmos conhecidos. Para agora a nossa música poderá apenas ser ouvida em concertos, festas, discotecas, rádios pirata e afins. Não nos responsabilizamos pela sua disseminação pela internet, e se as baixares, já sabes: não foi de nós!

E tal como defendemos o uso construtivo de material alheio, pretendemos promover a samplagem das nossas próprias músicas, disponibilizando adicionalmente pistas isoladas, quer das partes rítmicas (e vocês vão ter muito com que se divertir, entre surdos, repeniques, baterias, MPC's e outros brinquedos), quer vocais (versões a capella), e mesmo instrumentais (que vos parece uma secção de metais?) das nossas próprias músicas.

Mas atenção que embora a gente tenha esta política de: "o que for nosso, oferecemos", o mesmo não se poderá dizer dos materiais que samplearmos (citarmos) nas nossas colagens. Lá por oferecermos a nossa música livremente, não quer dizer que detenhamos os direitos de copyright dos samples que usamos!!! O que não nos torna criminosos é o facto de não estarmos a vender a nossa música, mas de qualquer forma vocês não podem samplear nada reconhecível incluído num trabalho nosso, sem licenciarem com os respectivos autores e editoras - tal e qual como se tivessem usado o sample original!).


Este é o caminho que vamos seguir nos próximos tempos. Entretanto pode ser que as majors decidam acabar com o copyright, e a gente possa sair da clandestinidade (yeah, right)

Até lá, espero que nos ouças por aí ;-)



(Imagem: Copy-left!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!)

segunda-feira, março 13, 2006

Torce-me esses botões!!!!!!!!!

(imagem gentilmente cedida pela SOS)

Alma de Negro

"Que Bloco é esse
Eu quero saber
É o mundo negro
Que viemos cantar para você"

(fotografia do 1º ano do Ilê Aiyê)

O Projecto Luzofonia

A Luzofonia é um projecto musical, cultural, social e recreativo, que pretende resgatar de volta ao seu destaque merecido, toda a expressão musical e poética dos povos da lusofonia.

Em termos musicais, isso é conseguido pela combinação das sonoridades electrónicas do hip-hop e da house, com a batida dos tambores luso-afro-brasileiros (caixas, bombos, repiques e, claro, os surdos), tendo como inspiração toda a riqueza expressiva da música de expressão lusófona. O projecto funciona também como uma revisitação dos grandes temas da nossa língua, escrita e cantada.

Trata-se no fundo de trazer a onda lusófona ao seu destaque merecido, por intermédio de uma roupagem mais dançável: Nós queremos ser ouvidos!

Mas queremos ser ouvidos por uma razão: para dar a conhecer a nossa mensagem. Para ajudar a resgatar do esquecimento, toda essa riqueza que é a língua portuguesa, que é a fonte da nossa união. Esta é a nossa pátria! Esta é a nossa mãe!

A música é vista por nós apenas como um meio mais imediato de comunicarmos a nossa mensagem, mas não é sem dúvida exclusivo, porque associamo-nos a todo o tipo de manifestações artísticas, que estejam de acordo com a nossa filosofia. Particular destaque para a dança, as artes plásticas, a fotografia e o web-design.

As primeiras actividades consistem na gravação de um álbum de originais (e alguns remixes de temas antigos conhecidos) e na organização de uma banda de apresentação ao vivo, conjugando músicos tradicionais, electrónicos e percussionistas, juntamente com dançarinos e outros elementos teatrais.

Queremos investir também bastante na organização de festas temáticas, que serão numa primeira fase uma das principais formas de divulgação e fonte de receitas (directas e indirectas, como venda de CD's e merchandise).

Está-se também a pretender formar um bloco de rua, género uma versão portuguesa do Olodum, mas prendemo-nos ainda com as questões do espaço (essencialmente) e da angariação de todos os meios necessários.

Isto quanto a projectos de curto prazo, porque a médio prazo a Luzofonia quer evoluir para se tornar uma escola (a componente socio-didáctica é fundamental), um estúdio de gravação (já temos qualquer coisa) e uma editora independente de música e outros media, para termos meios sustentáveis de financiamento, podermos alargar o nosso leque de actividades, e tornarmo-nos auto-suficientes.

Em particular preocupa-nos a intervenção social, e gostaríamos tal como o Olodum e outros blocos-afro da Bahia, de conseguir ajudar crianças e jovens desfavorecidos, pelo uso de terapias lúdicas envolvendo os tambores, e eventualmente outras.


PS: este projecto ainda só existe na minha cabeça... mas eu vou fazê-lo acontecer! Queres-me ajudar?

domingo, março 12, 2006

É possível ganhar a vida a fazer o que gostamos?

Se perguntar à maior parte das pessoas que conheço: não! (é natural ter medo do que não se conhece)

Se olhar à minha volta, também não! (tanta gente a sofrer...)

O trabalho parece ser um mal necessário, quando não um castigo, que temos que suportar.

Mas será que o universo é burro, ou todos deveríamos estar a fazer o que os nossos corações ditam, para assim sermos mais eficientes?

Pois bem, eu embora esteja há dez anos a trabalhar numa empresa (não me posso queixar) quando sei que seria muito mais útil, a fazer o que me apaixona, não aceito que tenha que ser assim!

Eu tenho uma missão, e tudo o que passámos serviu para uma coisa: para nos trazer aqui! onde esta missão começa!

Tudo é possível quando se quer, e a única coisa que me falta é encontrar outras pessoas como eu, que pensem assim, e que também queiram passar para o próximo nível, porque de certeza as há.

Estou aqui à tua procura, e esta é a minha forma de começar este movimento que anseia por começar.

Anda comigo, que somos precisos para revolucionar este mundo.

A minha missão

a minha missão é pegar no que eu sou, tenho e sei, e oferecê-lo à causa suprema

sou basicamente mais um, no meio da multidão, mas mais do que chegar a algum lado, quero ajudar outros a chegar...

a minha abordagem é que estou a construir a cena toda, virtualmente, e a esperar que por artes mágicas ela se torne realidade


e porque não?

De pequenino se torce o pepino

(o meu primeiro solo, Timor, por volta de 1970 e tal)

O que nos une: o Atlântico...

O que nos une: o Atlântico (mapa)

e por aqui se cozinhou a cena toda...

(imagem retirada do livro Rhythms of Resistence: The African Musical Heritage of Brazil, Peter Fryer, 2000, Wesleyan University Press)

O que nos une: os tambores

quero fazer algo parecido com isto:

(imagem de A word about surdos)

sábado, março 11, 2006

O que nos une: a língua

O conceito «Lusofonia» usa-se genericamente para designar o conjunto das comunidades de língua portuguesa no mundo. Para além de Portugal, há mais sete países que utilizam o Português como língua oficial: Angola, Brasil, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, S. Tomé e Príncipe e Timor-Leste.


E para começar este blog, nada melhor do que uma imagem do berço desta língua tão bonita que nos une:

(imagem do PoSAT-1)